Seis anos depois, há mais gente a chegar a Portugal do que a partir / Notícias APS / Nacionalidade Portuguesa
Em 2017, pela primeira vez desde o início da crise, o número de imigrantes superou o de pessoas que abandonaram o país de forma permanente
s coisas estão longe de estar bem, mas 2017 terá sido o ano desta década que mais fez sorrir os demógrafos. É que no ano passado, pela primeira vez desde o início da crise em 2011, o número de imigrantes superou o de pessoas que abandonaram o país de forma permanente: segundo os dados demográficos publicados esta quinta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística, durante o ano de 2017 terão entrado em Portugal 36 639 pessoas para residir por um período igual ou superior a 1 ano (mais 22% em relação a 2016), enquanto os emigrantes permanentes não chegaram aos 32 mil, menos 17% do que no ano anterior. Mas não se pense que são apenas os estrangeiros que estão a querer vir para Portugal, porque quase 40% dessas pessoas nasceram no país, ou seja, podem ser emigrantes que estão de regresso. E os lusodescendentes também têm um peso importante neste universo (55% destas pessoas tinham nacionalidade portuguesa), em que brasileiros e venezuelanos se devem destacar, aponta a presidente da Sociedade Portuguesa de Demografia.
"Estas são excelentes notícias", destaca Maria Filomena Mendes, "significa que conseguimos estancar a fortíssima emigração do período da crise", que também trouxe uma quebra acentuada nas entradas (ver infografia). Bons indicadores que ainda assim não evitaram que o país tenha perdido, no total, cerca de 18 mil residentes - Portugal tem agora 10 291 027 habitantes.
É que apesar de o saldo migratório dar mostras de recuperação, o crescimento natural - ou seja, a diferença entre nascimentos e mortes - continua em números negativos, ainda assim mais suaves do que em anos anteriores (-0,18%, quando em 2016 tinha sido de -0,31%): nasceram 86 154 bebés, menos 1,1% do que em 2016, e morreram 109 758 pessoas, pouco menos (0,7%) em relação ao ano anterior. Desequilíbrio que só a subida em flecha da imigração e a diminuição das saídas ajudaram a contrabalançar.
Mesmo o número de emigrantes temporários - pessoas que deixaram o país com a intenção de permanecer no estrangeiro por um período superior a 3 meses e inferior a um -, desceu 16%, passando de 58 878 em 2016 para 49 298 no ano passado. "Só o facto de o país conseguir conter a saída de população em idade ativa e quadros qualificados é muito positivo para no futuro conseguirmos subir a taxa de natalidade", argumenta Maria Filomena Mendes, "da mesma forma que se fixarmos imigrantes em idade fértil também podemos aumentar o número de crianças no país".
Trabalhos na restauração e na agricultura
Mas o que fez aumentar tanto o número de pessoas a instalarem-se em Portugal? A recuperação da economia e as alterações à lei da nacionalidade parecem ser os motivos óbvios. Embora mudanças que permitem aos filhos de imigrantes a residir em Portugal há dois anos serem considerados portugueses originários só tenham sido publicadas no último verão, a fama da lei portuguesa já atraiu estrangeiros, conta Vladimiro Gomes, da associação Solidariedade Imigrante. "A lei da imigração já permitiu legalizar muitas pessoas, e os imigrantes contam aos seus familiares e amigos como Portugal é uma boa opção para viver, sobretudo porque se respira segurança e porque há emprego, claro".
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NACIONALIDADE DERIVADA – Aquisição da nacionalidade portuguesa pelo casamento ou união estável.